segunda-feira, 1 de julho de 2013

Região Portuária em obras: Moradores sofrem com o período de mudanças


O projeto Porto Maravilha, iniciado em 2009, causa transtornos na região. A meta é finalizar as reformas até os Jogos Olímpicos de 2016.
Maria Eduarda Cota



            “É uma iniciativa ousada e muito importante para uma área totalmente abandonada, mas, em contrapartida, o trânsito fica caótico, há muita poeira e o barulho é infernal”. É desta forma que a cabeleireira Rosa Maria Mendes, moradora da região, descreve o projeto. A iniciativa tem como objetivo promover a reestruturação do espaço público da Zona Portuária. Para isto, está sendo empreendido um conjunto de obras visando ao redimensionamento das redes de água, luz e esgoto, a melhoria do trânsito e a recuperação do patrimônio histórico.
            A Operação Urbana Porto Maravilha abrange uma área de cinco milhões de metros quadrados, que inclui os bairros de Santo Cristo, Gamboa e Saúde. Para coordená-la foi criada a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto (Cdurp), responsável por gerir a concessão de obras e serviços públicos na região e administrar os recurso do projeto.
Canteiro de obras próximo à Praça Mauá. Foto: Bruno de Lima

A configuração atual da Zona Portuária se estabeleceu a partir da reforma urbana realizada pelo prefeito Pereira Passos, no início do século 20. O período, conhecido como “Bota abaixo”, realizou obras de saneamento, aterro, urbanismo e de embelezamento da cidade nos moldes franceses. Para isto, o prefeito promoveu o alargamento das ruas e abertura de avenidas a partir da demolição de casarões e prédios. Foi durante a gestão de Pereira Passos que Oswaldo Cruz empreendeu seu plano de saneamento e higienização. O projeto envolvia medidas de controle da população, o que culminou na Revolta da Vacina em 1904. A reforma de Pereira Passos implicou em alto custo social, com o início da formação de favelas na cidade.



Os impactos nos moradores

            O superintendente de Desenvolvimento Econômico e Social da Cdurp, Rogério Riscado, ressaltou que, antes da Operação Urbana iniciar, foi feito o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), obrigatório por lei. O estudo investiga a situação atual e fornece opções de atuação, projeções de resultados e de possíveis impactos causados pelas intervenções.
            O coreógrafo Tony Tara, morador de São Cristóvão, que faz fronteira aos bairros portuários, relatou o transtorno causado por uma obra. “Não fomos avisados antes de a obra começar e havia dias em que era impossível sair ou entrar de carro na rua. Isso sem considerar os danos no asfalto das ruas ao lado e um acidente que deixou a região sem água por 15 dias”.
            O projeto inclui a desapropriação de imóveis e estabelecimentos considerados de utilidade pública. Segundo Rogério Riscado, 50 famílias que viviam no local conhecido como Praia Formosa foram desapropriadas até hoje. De acordo com o superintendente, o Porto Maravilha busca reassentar os moradores na própria região ou no entorno.
              O conjunto de intervenções do projeto Porto Maravilha, como as melhorias de infraestrutura e transporte, está gerando a valorização imobiliária da região. Anteriormente, a Zona Portuária se encontrava em um quadro de abandono que levou ao êxodo da população e, consequentemente, à queda do preço dos imóveis. Com o projeto, estima-se um aumento de 22 mil habitantes para 100 mil até 2020.
            Segundo Rogério Riscado, os moradores podem enviar suas reclamações e sugestões por meio das redes sociais do projeto (Facebook e Twitter), das ouvidorias e pela Central de Atendimento gratuita (0800 880 7678). Há relatórios trimestrais que registram a quantidade de contatos e o desenvolvimento do processo de atendimento. Os dados podem ser acompanhados desde o ano passado, quando as informações começaram a ser incluídas no relatório periódico.

Projeção do Projeto Porto Maravilha. Divulgação


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