O projeto Porto
Maravilha, iniciado em 2009, causa transtornos na região. A meta é finalizar as
reformas até os Jogos Olímpicos de 2016.
Maria Eduarda Cota
“É uma iniciativa ousada e muito
importante para uma área totalmente abandonada, mas, em contrapartida, o
trânsito fica caótico, há muita poeira e o barulho é infernal”. É desta forma
que a cabeleireira Rosa Maria Mendes, moradora da região, descreve o projeto. A
iniciativa tem como objetivo promover a reestruturação do espaço público da
Zona Portuária. Para isto, está sendo empreendido um conjunto de obras visando ao
redimensionamento das redes de água, luz e esgoto, a melhoria do trânsito e a
recuperação do patrimônio histórico.
A Operação Urbana Porto Maravilha
abrange uma área de cinco milhões de metros quadrados, que inclui os bairros de
Santo Cristo, Gamboa e Saúde. Para coordená-la foi criada
a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto (Cdurp), responsável
por gerir a concessão de obras e serviços públicos na região e administrar os
recurso do projeto.
Canteiro de obras próximo à Praça Mauá. Foto: Bruno de Lima |
A configuração atual da Zona Portuária se estabeleceu a partir da reforma
urbana realizada pelo prefeito Pereira Passos, no início do século 20. O
período, conhecido como “Bota abaixo”, realizou obras de saneamento, aterro, urbanismo
e de embelezamento da cidade nos moldes franceses. Para isto, o prefeito promoveu
o alargamento das ruas e abertura de avenidas a partir da demolição de casarões e prédios. Foi durante a
gestão de Pereira Passos que Oswaldo Cruz empreendeu seu plano de saneamento e
higienização. O projeto envolvia medidas de controle da população, o que
culminou na Revolta da Vacina em 1904. A reforma de Pereira Passos implicou em
alto custo social, com o início da formação de favelas na cidade.
Os impactos nos
moradores
O superintendente de Desenvolvimento
Econômico e Social da Cdurp, Rogério Riscado,
ressaltou que, antes da Operação Urbana iniciar, foi feito o Estudo de Impacto
de Vizinhança (EIV), obrigatório por lei. O estudo investiga
a situação atual e fornece opções de atuação, projeções de resultados e de
possíveis impactos causados pelas intervenções.
O
coreógrafo Tony Tara, morador de São Cristóvão, que faz fronteira aos bairros
portuários, relatou o transtorno causado por uma obra. “Não fomos avisados antes de a obra
começar e havia dias em que era impossível sair ou entrar de carro na rua. Isso
sem considerar os danos no asfalto das ruas ao lado e um acidente que deixou a
região sem água por 15 dias”.
O projeto inclui a desapropriação de
imóveis e estabelecimentos considerados de utilidade pública. Segundo Rogério
Riscado, 50 famílias que viviam no local conhecido como Praia Formosa foram
desapropriadas até hoje. De acordo com o superintendente, o Porto Maravilha busca
reassentar os moradores na própria região ou no entorno.
O
conjunto de intervenções do projeto Porto Maravilha, como as melhorias de
infraestrutura e transporte, está gerando a valorização imobiliária da região. Anteriormente,
a Zona Portuária se encontrava em um quadro de abandono que levou ao êxodo da
população e, consequentemente, à queda do preço dos imóveis. Com o projeto,
estima-se um aumento de 22 mil habitantes para 100 mil até 2020.
Segundo Rogério Riscado, os
moradores podem enviar suas reclamações e sugestões por meio das redes sociais
do projeto (Facebook e Twitter), das ouvidorias e pela Central de Atendimento
gratuita (0800 880 7678). Há relatórios trimestrais que registram a quantidade
de contatos e o desenvolvimento do processo de atendimento. Os dados podem ser
acompanhados desde o ano passado, quando as informações começaram a ser
incluídas no relatório periódico.
Projeção do Projeto Porto Maravilha. Divulgação |
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