Ruas estreitas
do Morro ocultam parte da memória histórica do Rio. Lugar ainda é pouco
conhecido pelos brasileiros.
Gabriella Fiszman P. Barreira
Escondido pelos altos edifícios no
Centro da Cidade e longe da agitação caótica do Rio de Janeiro, o Morro da
Conceição é desconhecido pela maioria dos cariocas. Com uma tranquilidade
inimaginável e um ar típico de cidade do interior, o lugar parece ter parado no
tempo.
Próximo a Avenida Presidente Vargas e
a poucos metros da Praça Mauá, o Morro está localizado no bairro Saúde. Depois
de dobrar à esquerda na Travessa do Lineu, são apenas dois lances de escada que dividem o burburinho da cidade da calmaria que existe
ladeira acima.
Foto Gabriela Fiszman |
Foto divulgação |
Foto divulgação |
Foto divulgação |
Roteiro a pé
Casas geminadas, fachadas coloridas e
construções tipicamente portuguesas do século XIX fazem parte da paisagem. Uma
das opções é começar o passeio a partir da Ladeira João Homem. A subida é
íngreme no começo, mas o exercício vale a pena. Ao final da caminhada, logo se
vê no alto a estátua de Nossa Senhora da Conceição, padroeira do local.
Em frente, é possível observar a
Fortaleza da Conceição, cuja obra foi iniciada em 1711, logo após a segunda
invasão dos franceses no Rio de Janeiro. A arquitetura foi concluída em 1718,
sendo parte do plano de defesa da cidade.
Próximo ao forte, na Rua Major Daemon,
está o Museu Cartográfico do Exército, que conta com acervo de bússolas,
lunetas e instrumentos necessários para a produção dos mapas. O museu fica no
antigo palácio Episcopal, que foi residência de bispos há três séculos.
A próxima parada é na Rua Jogo da
Bola. O nome curioso, que se mantém desde o período colonial, tem origem em um
esporte chamado bocha, parecido com o boliche, que era praticado no lugar. Nesta
rua, uma das principais e mais movimentadas do morro, fica o Bar do Sérgio.
Famoso entre os locais e turistas da região, o boteco é ideal para os que
desejam uma cerveja gelada e barata em um lugar agradável.
Com um clima vintage, o botequim é
decorado com poucas mesas de madeira, azulejos azuis e brancos na parede, um
balcão de mármore rosado e prateleiras abarrotadas de mercadorias, que vão
desde biscoitos até artigos de limpeza. Aberto desde a década de 70, o bar
ainda preserva os hábitos dos donos espanhóis, nos dias de semana, o local
fecha durante à tarde para a sesta.
Outro ponto importante do Morro da
Conceição é a Pedra do Sal, que ganhou este nome porque era onde descarregavam
o produto que vinha das embarcações da Europa. Grandes nomes da música brasileira, como Pixinguinha,
frequentaram o local, que ainda hoje recebe rodas de samba e outros eventos
culturais.
Não há como negar que o lugar, atípico
no Rio de Janeiro, tem um estilo bastante peculiar. Os moradores se reúnem à
tarde, sentados em cadeiras nas calçadas para conversar com os que passam pela
rua e cumprimentar os curiosos que observam das janelas. A maioria parece apreciar
o modo de vida que leva no morro. É o caso de Álvaro Duarte Rodrigues, de 63
anos, que nasceu no Morro da Conceição e vive nele até hoje. “Meus pais eram
portugueses. Criei meus dois filhos nesse lugar e é aqui que quero ficar até
morrer”, afirma.
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