quinta-feira, 27 de junho de 2013

As fábricas na Zona Portuária do Rio

A industrialização na cidade do Rio e o papel de destaque do Moinho Fluminense
Thaís Gontijo Bisinoto
A Zona Portuária do Rio de Janeiro teve importância econômica, política e até cultural, já que, até o início do século XVIII, a cidade se restringia praticamente à área central. Formado pelos bairros da Gamboa, Saúde e Santo Cristo, o porto ganha ainda mais importância histórica, considerando que os escravos eram comercializados ali, na antiga Rua do Valongo e, hoje, Rua Camerino.
Como não poderia ser diferente, o processo de industrialização do Rio de Janeiro teve início nos arredores dessa região, com a fundação pelo Barão de Mauá daquele que viria a ser o principal empreendimento industrial do país – ainda que por um curto período de tempo ­–, o Estabelecimento de Fundição e Companhia Estaleiro da Ponta da Areia. Em quatro anos, ele teve seu rendimento quadruplicado e empregava mais de mil funcionários, algo extraordinário para a época.




A importância do Moinho Fluminense
Nas décadas seguintes, outros empreendimentos foram surgindo, em sua maioria de produção de bens não-duráveis e semiduráveis, como artigos de higiene, alimentícios e de vestuário. Em 1883, foi fundado o Moinho Fluminense, uma das mais significativas construções industriais do Rio de Janeiro, que começou a funcionar em 1887, com o alvará de funcionamento assinado pela princesa Isabel.
A instalação do Moinho é de grande importância para a história do pão no Brasil onde, até metade do século XIX, não se conhecia o trigo. O pão de trigo, como o conhecemos hoje, chegou ao país junto com os portugueses, no século XIX, e ganhou espaço na alimentação dos brasileiros com a imigração italiana.
Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Moinho leva consigo grande importância histórica, devido aos acontecimentos que ali aconteceram. Por exemplo, com a eclosão da Revolta Armada de 1893, Rui Barbosa – então Ministro da Fazenda ­– foi buscar refúgio dentro do empreendimento, com ajuda de seu amigo Carlos Gianelli, proprietário do Moinho à época. Quatro anos depois, soldados que vinham da Guerra de Canudos se alojaram perto do Ministério do Exército, que ficava no Morro da Providência, próximo às instalações.
O arquiteto contratado para o projeto do Moinho foi Antônio Januzzi, também responsável pelo Palácio Pedro Ernesto (Câmara dos Vereadores) e o Obelisco da Avenida Rio Branco. A construção foi feita com tijolos ligados por uma mistura de barro e óleo de baleia, para evitar seu desmoronamento devido à trepidação das máquinas de moagem. O passadiço que une os dois pavilhões laterais recebem destaque na construção.

A unidade foi adquirida pela Fundação Bunge – empresa de origem holandesa – em 1914, como parte da expansão da empresa no país, que já atuava no Moinho Santista. Hoje, localizada na Rua Sacadura Cabral na altura do número 305, entre a Rua do Livramento e a Rua da Gamboa, o parque industrial continua industrializando trigo.


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