sexta-feira, 7 de junho de 2013

A música e a Pedra do Sal

Rose Esquenazi

 Pedra do Sal. Muita gente se pergunta a razão desse nome e a explicação mais convincente é que, no passado, o mar vinha até ali, onde o sal era desembarcado. Como sempre sobrava um pouco no chão, os negros juntavam a valiosa mercadoria e iam vender pela cidade.

Há um pouco mais de cem anos, reuniam-se na Pedra do Sal os grandes compositores e sambistas cariocas: Pixinguinha, João da Baiana e Donga, que registrou o famoso samba Pelo telefone, em 1917, considerado o primeiro no gênero a ser gravado. Atualmente, os amantes de música de raiz frequentam as rodas de samba às segundas e sextas-feiras, à noite. No barzinho sem letreiro ou aviso, ao lado da escadaria que leva ao Morro da Conceição, ainda é possível sentir um pouco o clima da época. O largo chamado João da Baiana fica perto da esquina da Rua Sacadura Cabral.


O pesquisador Ricardo Cravo Albin explica a razão dessa concentração de sambistas.
- Nos anos de 1910 a 1930, o povo do samba se reunia próximo dos centros de candomblé. A pessoa que mais aparecia por ali era o João da Baiana, conhecido pai de santo. Ele chegou a pintar uma cena da boemia no prato em que costumava tocar, como percussão, conta Albin.
Como a boemia sempre precisava de um estímulo para passar horas em “estado de samba”, não faltavam botequins nas proximidades. “Nunca se reunia a seco, sempre tinha muita água”,
garante o pesquisador que inclui na lista dos bambas o mestre Cartola, de “As rosas não falam”, que escolheu um dos botequins para seu quartel-general.

- Havia uma pequena classe média formada por portugueses, proletários e estivadores, como o Mano Décio da Viola, autor de vários sambas-enredos da Escola de Samba Império Serrano. E havia também proxenetas, que exploravam mulheres, numa espécie de Lapa um pouco mais pobre, completa o pesquisador.

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