Em meio a grandes
transformações na cidade, imagem de Eduardo Paes é vinculada a de um dos
maiores reformistas da história do Brasil
Por
Nathalia Bordeaux
Com os importantes eventos que o Rio de Janeiro irá receber entre 2014 e 2016, como Copa do Mundo, Jornada Mundial da Juventude e Olimpíadas, muitas reformas urbanísticas começaram a ser promovidas na cidade. Longe de ser a primeira grande transformação pela qual o Rio passou, os investimentos urbanos promovidos pelo prefeito Eduardo Paes têm aproximado sua imagem da de um antigo líder municipal, Pereira Passos. As reformas de Passos, que ficaram popularmente conhecidas como Bota-abaixo, mudaram completamente o Rio do século XX e visaram ao saneamento, ao urbanismo e ao embelezamento da cidade.
Eduardo Paes e ator que
representou Pereira Passoa na inauguração do Jardim do Valongo. Foto: Marcos
Tristão (O Globo - Julho de 2012).
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As transformações urbanas lideradas pelo ex-prefeito Passos
foram um marco na ação reformadora do Rio de Janeiro e deixou legados que ecoam
até os projetos urbanísticos atuais. Um dos exemplos de projeto do governo Paes
é a Operação Urbana Porto Maravilha, que prevê a revitalização da região
portuária do Rio de Janeiro, com o objetivo de trazer melhorias na qualidade de
vida dos moradores, além de sustentabilidade ambiental e socioeconômica para a
área. A segunda fase das obras dessa operação, que teve início no segundo
semestre de 2012 e só deve ficar pronta em 2016, vai ter um investimento de
cerca de R$ 8 bilhões – captados através das parcerias público-privadas – e inclui
ações como a demolição de parte do elevado da Perimetral, a construção de 4 km de
túneis e reurbanização de 70 km de vias.
Para mudarem de maneira tão expressiva o cenário
urbano da cidade, no entanto, as reformas tanto de Passos quanto de Paes tiveram
um alto custo social. De acordo com o professor de História da PUC-Rio Daniel
Pinha, os dois governantes se aproximam pelo descaso com a população,
principalmente a mais pobre, quando se trata da remoção de habitações. Segundo
o professor, os cidadãos, desprovidos do direito a moradia digna, são
empurrados de suas casas pela especulação imobiliária e pela ação do poder
público para lugares aos quais não tiveram poder de decisão.
– As comparações entre Paes e Passos são válidas
quando entendemos dois projetos de modernização para a cidade que, em momentos
distintos, não levam em conta os interesses dos cidadãos e sua relação com o
espaço em que habitam - como quando adotam, por exemplo, as remoções de
habitações como parte decisiva das reformas. Além disso, ambos utilizam uma
retórica moderna que propaga por toda a cidade uma expectativa de progresso,
mas que contempla apenas o interesse de poucos, ou seja, dos investidores,
especialmente os do setor imobiliário e de construção civil – explicou Pinha.
O atual prefeito, por outro lado, parece gostar
bastante das comparações com seu colega do século anterior. Quando foi
inaugurar a primeira fase das obras da Zona Portuária, em julho do ano passado,
Eduardo Paes por pouco não foi fantasiado de ex-prefeito Pereira Passos. Após
ser aconselhado por assessores, acabou desistindo na última hora de usar as
roupas simbólicas de época. A tarefa de representar Passos na cerimônia ficou
por conta de um ator, que pousou para fotos ao lado de Paes.
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